quarta-feira, 11 de julho de 2012

noventa e oito

dia após dia, os dias alongavam-se;
sempre um pouco mais
e depois um pouco mais (ainda)
até se tornarem intermináveis.
eram uma continuada tortura contínua
que o ceifavam lentamente.
inconscientemente intencional,
tinha-se sabotado
conscientemente sem querer.
(e) agora era vê-lo ali a (lentamente)
depauperar no lento passar dos dias.
estava como se não estivesse,
arrastava-se pensando andar
enquanto andava a arrastar-se.
já fora feliz,
e (agora) não era infeliz,
apenas assumira o ponto de não retorno
segundo o dia em que começara a se sabotar.
e queixava-se sem ter de quê.
desanimado, desanimou-se;
abraçando, sem ânimo,
esse constante desânimo
que teimava em não o abandonar.
os pequenos nadas da génese
de pequenos nada tinham
e a existirem seriam mínimos.
as razões? não as tinha,
e começava, também, a não as querer (ter).
agastado com tudo,
mas sobretudo consigo,
deu-se a si mesmo cem dias.
não mais, nem menos que
cem (daqueles) dias.

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