hand in glove

não percebo como é que num país cujo clima até-não-é-mau; existe malta que passa o ano todo preocupado com luvas.

father and son

talvez a paternidade não me assista. ter de cuidar de um crianço (até às necessidades mais básicas, numa primeira fase); procurar dar-lhe o que precisar e estar presente para o apoiar nas várias decisões e... hmmm... não me parece querer arriscar a que ele escolha um clube que não o meu.

like dylan in the movies

perguntou-me o que era o cinema quatro-dê. como não sabia, respondi-lhe que era uma (suposta) novidade tecnológica que servia apenas para dar mais trabalho a quem trabalha nos cinemas: que tinham de aumentar a temperatura do ar condicionado quando a cena se passava no deserto, e depois pôr na temperatura mínima quando a cena se passava junto a um iglo. e mais, acrescentei, se estiver a chover na tela é necessário sacar de um isqueiro e aproximá-lo dos sprinklers para (depois) a água cair certinha... (eventualmente) nenhum de nós ficou convencido.

no distance left to run

historicamente existem duas invenções que marcaram a humanidade: a roda e o fogo. recentemente a sociedade (como-que) evoluiu juntando ambas e criando essa maravilha tecnológica que dá pelo nome de isqueiro. ainda está para existir melhor invenção que o copy paste.

useless

tinha uma opinião sobre tudo,
e só se calava quando lhe faziam uma pergunta.

maps

macy, isso não se faz ao maps.

my generation

farta de apertar o cinto, comprou uns suspensórios.

anda comigo ver os aviões

(...até porque) estou farto de ver passar navios.

it's a hard life

a ideia seria trazer parte do mundo da bola para os empregos das nove-às-cinco. eu, por exemplo, tenho inigualáveis qualidades para ser um razoávelzinho trabalhador suplente: chegava à (mesma) hora dos meus colegas e sentava-me a vê-los trabalhar; eventualmente mandava um bitaite ou ia dar uma volta para desentorpecer as pernas; e lá para o meio da tarde quando alguém se queixasse das costas, tivesse uma cãibra no dedo do rato ou a vista cansada eu entrava para uma meia hora final de puro rendimento.

everyone nose

não dormiu bem nem mal, aconteceu(-lhe) acordar sem nariz; só isso. a situação não o assaralhopou por ali além excepto quando se viu ao espelho. como estava atrasado, comeu qualquer coisa e saiu de casa regressando minutos mais tarde para buscar os lenços de papel. preocupava-o sobretudo que um qualquer (senhor) agente o mandasse parar: não que não tivesse todos os papéis em ordem mas, definitivamente, o seu rosto apresentava-se diferente das fotografias dos documentos. uma coisa era certa, chegara a altura de começar a usar lentes.

what's he building?

pôs a água a ferver enquanto não se decidia pelo que queria ouvir. e a indicisão manteve-se até a água começar a fazer bolinhas. tinha-se esquecido do sal, mas não era nada que não pudesse fazer no entretanto. desempilhou as empilhadas latas de salsichas e atum até alcançar o esparguete e iniciou a busca pela panasquice que mede a quantidade de esparguete pretendido: desarrumados os talheres, desistiu da busca e adicionou a quantidade que lhe apeteceu. nova (e silenciosa) espera (tinha tanto single para ouvir mas não se decidia por nada). escorreu o espaguete e passou-o por água fria. a massa estava pronta e agora era só despejá-la para uma pipa; nada o impediria de ser um novo rico.

stroke of genius

as férias tinham passado num pequeno instante e era a hora de regressar ao trabalho. não se sentia (minimamente) preparado mas (também) não tinha opção. decidiu (então) transformar o (seu) regresso ao trabalho num saudoso regresso à escola. comprou um par de pretas pilot's, um novo e micro moleskine e, mas só desta vez, uma discreta mala. levou, também, um sorriso e um ar de despreocupação; estava crente que a sua (genial) ideia o ia ajudar a passar (melhor) o dia. naturalmente, enganou-se.